HRSM: estrutura nova e condições precárias de atendimento

Com apenas um anestesista por período, pacientes chegam a aguardar mais de 60 dias para realizar cirurgias

 

Em visita ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), nesta quarta-feira (08), o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Dr. Gutemberg, constatou que a unidade, uma das mais amplas e mais recentes de toda a rede – inaugurada em 2008 – é o retrato do descaso por parte da gestão pública. Faltam médicos, sobram pacientes e não há, sequer, insumos para a realização de vários procedimentos, desde os mais simples aos mais complexos.

Segundo relatos de médicos e outros servidores, o déficit de pessoal é o principal problema no HRSM. Há apenas um anestesista para todo o hospital o que, na maioria das vezes, impede o fluxo de cirurgias. Por conta disso, além da falta de material, alguns pacientes, como os da ortopedia, por exemplo, chegam a aguardar mais de 60 dias para conseguir fazer uma cirurgia. “É simplesmente impossível. É criminoso o que acontece aqui. A gestão não nos dá condições alguma de exercer o nosso trabalho”, destaca um médico.

Na área de Ginecologia e Obstetrícia, a realidade não é diferente. Durante a visita do presidente do SindMédico-DF, havia apenas uma pediatra para atender toda a demanda. “É por isso que os pediatras não ficam aqui. Eles pedem exoneração porque a sobrecarga de trabalho é desumana”, disse um dos servidores do HRSM. Além disso, vale lembrar, o HRSM é referência para nascimentos de alto risco, no entanto não há classificação na porta, o que dificulta ainda mais o serviço que já sofre com o déficit de médicos, incluindo obstetras.

Os médicos do HRSM afirmaram também que as mudanças na Atenção Primária dificultaram ainda mais o trabalho, pois as supostas conversões das Unidade Básicas de Saúde (UBS) apenas desorganizaram mais a rede. “Ficamos totalmente sobrecarregados. Ninguém está sabendo direito o que está acontecendo”, relatou um servidor. “E isso, muitas vezes, com apenas um médico por plantão no Pronto-Socorro, como aconteceu, por exemplo, no último domingo”, completou.

Outra reclamação dos servidores do HRSM é que, apesar da estrutura do hospital, os materiais, de forma geral, estão muito defasados, além de faltarem muitos que são essenciais. “Continua um caos na ortopedia de toda a rede, por exemplo. Não podemos fazer cirurgias porque faltam parafusos. E aí não dá para ficar fazendo gambiarra nos pacientes. Mas, o que nos parece, é que a gestão quer isso”, salienta um médico da unidade.

Além de todos os problemas relatados, as recorrentes quedas no sistema trackare, de controle de prontuários, atrapalham toda a rotina dos médicos: eles não conseguem fazer a dispensação de medicamentos com o formulário eletrônico fora do ar.

“O que vimos aqui é lamentável e o pior é que não se difere dos outros hospitais do SUS-DF. O GDF simplesmente abandonou a gestão dos hospitais e deixa a população sem acesso a um direito constitucional, a saúde pública. Vamos, novamente, denunciar esse descaso aos órgãos de controle para tomem uma providência. Sem médicos, sem medicamento e sem material não tem como fazer atendimento”, disse, ao fim da visita, o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg.

 

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