HRS vive situação de precariedade

HRS precisa de reformas e, a exemplo de toda a rede SUS-DF, mais profissionais


Aos 51 anos de existência, o Hospital Regional de Sobradinho (HRS) é, a exemplo de toda a rede hospitalar pública do DF, o retrato da precariedade. Com leitos bem abaixo do necessário para a demanda, falta de insumos e medicamentos, outro grave problema na unidade é, também, o déficit de profissionais, em especial médicos e enfermeiros. Essa foi a realidade encontrada no local pelo vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Carlos Fernando, em mais uma visita do projeto Sindicato Itinerante, nesta segunda-feira (24).

Quem recebeu a equipe do SindMédico no local foi o médico, superintendente da Região Norte, Ricardo Tavares Mendes. Ele acompanhou a visita e ouviu, junto ao vice-presidente do sindicato, as principais demandas dos servidores em relação ao atendimento de pacientes. “A nossa ideia é, ano a ano, observar e enviar as autoridades e órgãos de fiscalização e controle, as principais falhas na rede. Após a visita, fazemos um relatório completo e enviamos a todos, inclusive a Secretaria de Saúde, para que tomem providências”, assinalou Carlos Fernando.

 Na pediatria, além da escassa escala de médicos, faltam equipamentos e medicamentos para o atendimento às crianças, em especial no período de sazonalidade de doenças respiratórias, entre março, abril e maio. “Vira um caos. A gente interna paciente no corredor. Porque o espaço físico não permite que seja diferente”, contou, lamentando, uma servidora, que denunciou ainda a escassez de pediatras na unidade. “Às vezes, é um médico para tudo. Porta e internação”. Agora, com a dengue chegando a níveis nunca vistos antes no DF, relataram, “é triste observar a quantidade de crianças que chegam aqui com a doença. Casos que vão para  UTI”.

As mudanças na Atenção Primária, promovidas ainda no governo Rollemberg por meio das Portarias 77 e 78, também foram alvo de críticas por parte dos profissionais. “Nossa maior dificuldade aqui hoje é que não existe mais Atenção Primária. Acabou. Então, chegam aqui pessoas que poderiam, como ocorria antes, resolver o problema lá no posto de saúde”, disseram. Vale lembrar que, à época em que foram publicadas, ambas foram alvo de ação do SindMédico-DF, temendo, justamente, prejudicar o atendimento à população com a retirada de especialistas das unidades básicas e postos de saúde.

Na visita do SindMédico ao hospital havia três pessoas aguardando por vagas em leitos de UTI no box de emergência. A diálise, como em toda a rede, é um grande problema. Pois poucos são os leitos com o equipamento hoje no SUS. E, além disso, segundo servidores, estavam faltando medicamentos e outros insumos, entre eles a troponina, utilizada para diagnosticar infartos agudos. “Às vezes, falta luva e capote”, lembraram ainda.

Neonatologia

Por mês, são realizados no Hospital Regional de Sobradinho, que é referência em serviço de gestão de alto risco, aproximadamente 250 partos. A maior parte deles é de pacientes de fora do DF, de regiões próximas, como Goiás e Minas. “Somos referência em parto para outras 7 ou 8 cidades de fora do Distrito Federal. Então, é um caos. Porque a escala de médicos e enfermeiros é baixa para a quantidade de partos que fazemos aqui”, relatam servidores, contando ainda que faltam materiais na área, como cateter umbilical, por exemplo.

Estrutura

Entre as denúncias dos servidores está a estrutura antiga e extremamente inviável para a população atendida no hospital. Segundo o superintendente da Região Norte, existe, na Novacap, um projeto para a ampliação da unidade. No entanto, nada saiu do papel até hoje. “A gente não tem onde operar às vezes. Não tem capacidade estrutural para isso. Então, mesmo que venham para cá todos os médicos que faltam para cobrir a escala, onde irão atender? Não tem consultório suficiente”, diz um servidor.

Segurança

“Os pacientes, infelizmente, ficam muito agressivos quando a gente não consegue dar conta da demanda. Recentemente, tive que pedir ao segurança para me acompanhar até o carro. Eu fiquei com medo estavam muito agressivos. E a situação era caótica”, contou uma médica. Segundo ela, a situação piora a cada dia. “Eles acham que a culpa é nossa. De não funcionar”, desabafou.

Na avaliação do vice-presidente do SindMédico-DF, a questão da segurança precisa, com urgência, de um olhar mais atento das autoridades. “A população vai para cima de quem está na ponta. Sem entender que quem está aqui faz o possível”, diz. “A culpa não é dos servidores. Faltam condições de atendimento”, completa.