Moradores do Núcleo Bandeirante se reuniram para dar recado à Secretaria de Saúde: façam Saúde da Família, mas não tirem o que a comunidade já tem.
O Coordenador da Atenção Primária da Secretaria de Estado de Saúde do DF, Marcus Vinicius Quito, recebeu um recado claro para levar ao secretário de Saúde do Distrito Federal sobre a mudança no funcionamento do Centro de Saúde 2 do Núcleo Bandeirante sobre a cantilena acadêmica-ideológica-eleitoral da mudança na atenção primária à saúde: “Seu discurso não nos interessa. Queremos saber se nosso posto de saúde vai funcionar, se vai ter emergência, se vai ter servidor.”
Esse foi o tom da audiência pública realizada no Salão Comunitário da Igreja São João Bosco, na manhã desta terça-feira. Um auditório cheio de usuários e líderes comunitários se queixando da suspensão do serviço de pronto atendimento (SPA) das 23h às 7h ouviu de Marcus Quito que a SES não vai voltar atrás. “Decidimos fechar a unidade nesse horário (23h às 7h), porque os dados estatísticos mostram que a produtividade é zero”, afirmou. Foi coberto, então, de vaias.
A presidente do Conselho de Saúde do Núcleo Bandeirante, Maura Gonçalves, foi incisiva ao apontar o erro. “As informações apresentadas ao secretário de saúde são fraudulentas. Quando entrou a nova gestão do centro de saúde, passaram a fazer ficha dos pacientes na UPA. Eles eram reencaminhados ao SPA, que não ficava sem registro dos atendimentos”. Outro problema apontado por Maura é que o Conselho de Saúde local foi expropriado da sala que ocupava no centro de saúde e do computador que os conselheiros usavam. Medidas impopulares que espelham o componente de autoritarismo e de descaso com opiniões divergentes recorrente na atual gestão.
O vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Carlos Fernando, criticou a postura do governo e destacou que, não fosse o trabalho feito por sindicatos e a atuação de deputados na Câmara Legislativa, o governo Rollemberg teria enfiado goela abaixo da população as Organizações Sociais e outros projetos indesejáveis para a saúde pública do DF. “Não é necessário destruir o que existe para aprimorar o Saúde da Família”, enfatizou.
Segundo levantamento apresentado pelo deputado Ricardo Valle, que presidiu a audiência pública, entre julho e dezembro de 2016, creca de 20 mil atendimentos foram realizados no centro de saúde do Núcleo Bandeirante. Os líderes comunitários presentes garantiram que se a questão não se resolver no diálogo direto, a comunidade vai demonstrar a insatisfação em protestos de rua.
Confira, em vídeo, o que aconteceu na audiência pública.