Confusão em dobro: policlínica e UBS ocupam um só prédio

Profissionais têm de se revezar para usar consultórios e equipamentos insuficientes. Até almoxarifado sem janela virou sala de coordenação na UBS 4/policlínica de Ceilândia

A Unidade Básica de Saúde (UBS) 4 de Ceilândia foi posto de saúde, depois passou a UBS e a policlínica. É uma edificação no padrão dos antigos centros de saúde urbanos da cidade e nunca foi adequado para funcionar como policlínica – falta espaço. Prestando assistência em níveis de complexidade básico e secundário, a unidade de saúde ainda abriga o Programa de Assistência à Violência (PAV) e duas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), além de outros serviços. Médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem são obrigados a alternar o uso dos consultórios e salas por falta de espaço.

Além de insuficientes e apertados, os consultórios são quentes e mal ventilados. Alguns não têm pia funcionando e o mobiliário é velho e insuficiente, bem como os computadores.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) esteve na unidade e ouviu os relatos dos profissionais no plantão da manhã de 30 de janeiro. Foi informado da precária condição de trabalho e dos prejuízos à assistência à população.

Um dos aspectos que mais chamaram a atenção do sindicalista foi que o atendimento a gestantes de alto risco de Ceilândia está todo concentrado na unidade, apesar da precariedade de recursos e de espaço. Os gineco-obtetras ainda precisam dividir sala com as pacientes vítimas de violência.

O consultório pediátrico fica em uma sala que divide uma parede baixa com a recepção. Não há isolamento de som sequer.

A unidade também concentra a assistência em endocrinologia e geriatria – serviços que também são prejudicados pela ausência de infraestrutura de apoio. Isso faz aumentar o fluxo de pacientes na unidade. O fato de boa parte das UBSs da cidade não estarem fazendo o acompanhamento pré-natal influi da mesma forma.

Na sala de atendimento dentário a situação não melhora. Com três cadeiras para procedimentos diversos, não há área separada para procedimentos cirúrgicos. Uma cirurgia ocorre ao mesmo tempo que se faz atendimentos diversos, inclusive pediátricos, o que representa risco de infecção.

Unidade Básica de Saúde

O que separa a as partes do prédio entre UBS e policlínica é o carrinho de parada colocado no meio do corredor e as cores das paredes – o lado verde é policlínica branco é UBS.

No lado do prédio ocupado pelas equipes da ESF a queixa é a mesma: falta espaço. A gerente da unidade ocupa uma sala mínima e sem janela, que outrora serviu de almoxarifado. O restante da equipe faz rodízio nas dependências disponíveis ou aproveita o tempo em que não pode fazer nada na unidade para fazer visitas domiciliares.

Esperam-se ainda outras quatro equipes de ESF para atuar na UBS. Enquanto isso, qualquer definição de população adstrita é mera formalidade e é feita de forma improvisada, sendo necessário dar cobertura à demanda espontânea de comunidade não vinculada. Nesse contexto, naturalmente há muito trabalho, mas pouca efetividade no contexto do que é a proposição de política da Estratégia Saúde a Família.

“Nem os servidores lotados na policlínica nem os lotados na UBS têm informação de como será resolvida a situação. Procura-se trabalhar em cooperação, mas o prédio não comporta todas as atividades que precisam ser desempenhadas ao mesmo tempo”, aponta Dr. Gutemberg Fialho.