A situação da dengue no Distrito Federal precisa da atenção do Poder Público. No ano passado, o número de casos disparou, com 278.515 notificações — um aumento de 525,6% em relação ao ano anterior. O impacto fatal foi devastador, com 441 óbitos, um salto assustador em comparação com os 24 registrados em 2023. Essas estatísticas são um reflexo da gravidade da epidemia. E o cenário se agrava ainda mais com o surgimento do sorotipo 3 do vírus da doença, uma ameaça que o governo local ainda não abordou de forma clara e urgente – como se faz necessário.
É importante destacar que o vírus da dengue tem quatro sorotipos e que, no ano passado, estavam em circulação os tipos 1 e 2. A infecção pelo tipo 3 não é mais grave, mas pode levar quem já foi contaminado pelas outras variações a quadros mais graves e até fatais da doença.
Recentemente, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, emitiu um alerta sobre o aumento do sototipo 3 da dengue em seu estado. Em janeiro de 2025, Goiás já havia registrado dois mil casos e sete óbitos devido ao sorotipo 3, que representa um risco ainda maior, dado que a população local não tem anticorpos para esse tipo de vírus.
O Ministério da Saúde também demonstrou preocupação com o aumento do sorotipo 3 no Brasil, alertando sobre o risco de uma sobrecarga no sistema de saúde. Embora esse tipo do vírus não fosse identificado no país desde 2008, ele está ressurgindo com força, especialmente em estados como São Paulo, Paraná e Amapá. O DF, até o momento, não fez menção pública sobre essa ameaça. Mas, é importante lembrar: não estamos numa ilhada isolada. E essa falta de alertas do governo deixa a população vulnerável, sem o devido conhecimento sobre os riscos que o sorotipo 3 apresenta.
Mais recente, o próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) determinou que a SES-DF adote ações imediatas e eficazes para reforçar o combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti: Segundo o órgão, a decisão foi tomada após uma inspeção que revelou falhas graves nas ações preventivas realizadas pela pasta, incluindo a ausência de registros informatizados das visitas domiciliares.
Em 2024, a dengue afetou, principalmente, jovens e idosos. Ceilândia, Samambaia e Santa Maria lideraram os números de casos. Neste ano, o que pode agravar ainda mais a situação é a sensação de que, com a diminuição dos casos nas últimas semanas, o governo tem tratado a questão como uma batalha já vencida. Aqui, vale o alerta dos especialistas: não podemos nos acomodar com o cenário. Essa postura é perigosa. Ela passa a mensagem de que o risco foi controlado, levando você, cidadão, a “relaxar” nos cuidados contra a doença.
A dengue não é um problema isolado. O GDF não pode ignorar a realidade de outros estados e a crescente presença do sorotipo 3 em várias regiões do país. O governo do Distrito Federal precisa, urgentemente, informar a população sobre o risco do novo sorotipo e intensificar ações de prevenção: isso sem falar da chikungunya, outra doença que representa grande ameaça à população de todo o país.
No mês passado, a Gerência de Vigilância Ambiental enviou pedido ao GDF para a contratação de 500 novos agentes de vigilância ambiental em Saúde ainda este ano. O motivo? Temos mais de 960 mil imóveis no DF e um déficit de mais de 1.200 agentes. É urgente o reforço na vigilância ambiental e o SindMédico-DF apoiou o apelo. O governo local precisa se unir ao esforço nacional e alertar de maneira clara e eficaz a população sobre o sorotipo 3. Também é preciso garantir que a saúde pública no DF esteja preparada para o que está por vir: isso inclui não deixar faltar testes para a dengue, profissionais para atender na ponta e reforçar a quantidade de leitos disponíveis.
Não podemos esperar que a tragédia se repita. O combate à dengue deve ser contínuo, sério e, acima de tudo, transparente. Não temos uma batalha vencida contra a doença, amigos. E é por isso que faço um convite a todos: verifiquem suas casas. Não deixem água parada. Vacinem seus jovens, de 10 a 14 anos. Precisamos estar unidos no combate ao mosquito. Conto com você!
