Faltam médicos e medicamentos no HRG

Na tarde da terça-feira, dia 12 de novembro, o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Dr. Gutemberg Fialho, esteve no Hospital Regional do Gama, atendendo a uma denúncia sobre a situação crítica da unidade de neonatologia e encontrou mais problemas na clínica médica, na ortopedia, na pediatria, nas instalações e no fornecimento de medicamentos. Faltam médicos e medicamentos no HRG.

Os corredores das áreas de ortopedia e cirurgia geral estavam lotados de pacientes. Os atendimentos diários nessa especialidade sobrecarregam a equipe. A unidade dispõe de 30 leitos, mas havia 60 pacientes internados. Muitos deles esperam semanas por uma cirurgia, em macas espalhadas pelos corredores. A espera por procedimentos cirúrgicos dos pacientes que entram pela emergência do hospital demora de três a quatro semanas para serem realizados.

Enfermeiros relataram que precisam descartar soro de recipientes de 500ml ou um litro, pois a Secretaria de Saúde não enviou frascos de 100 ml para diluir medicamentos.  Na ortopedia, sobre o posto de enfermagem, uma grande infiltração no teto mostrava a deficiência na manutenção hospitalar.

Além de médicos, faltam medicamentos no HRT

Faltavam medicamentos básicos na data da visita, como analgésicos e anti-inflamatórios. Embora o fornecimento de equipamentos de proteção individual seja regular, foi informado que não são disponibilizadas luvas em todos os tamanhos necessários, o que implica em risco de rasgos durante procedimento.

Também foi relatado que ventiladores mecânicos da época da pandemia da Covid-19 estão parados por falta de manutenção e não há medidores de pressão em quantidade adequada. Muitas camas estão quebradas, o mobiliário é o mesmo há duas décadas.

No Box de emergência há um leito de isolamento em local sem ventilação, o que eleva a insalubridade no local. Além desse leito, todos os outros oito estavam ocupados na tarde da visita. “Foi relatado também que, na emergência e até na maternidade, os pacientes são forçados a tomar banhos frios, pois não há água aquecida. A situação é precária e precisa de atenção do governo do DF. A população precisa de melhores condições de assistência e os profissionais de melhores condições de trabalho”, destaca Dr. Gutemberg.

A clínica médica recebeu reforço de profissionais que prestam serviço por contrato temporário.  No entanto, esses contratos vencerão e não há perspectiva de novas contratações até o momento. É importante observar que a falta de especialistas em clínica médica estava criando situações em que pacientes passavam até três dias sem evolução.

O hospital conta com poucos neonatologistas e tem oito leitos para dar suporte aos partos realizados na unidade. Muitas vezes, apenas um profissional é forçado a se desdobrar para atender partos, alojamento comum e cuidados intermediários, que se encontram em andares diferentes. Em urgências, o percurso é feito por escada.

Hospital “Amigo da Criança” sem médicos pediatras nem neonatologistas

O HRG, que tem o título de Hospital Amigo da Criança, conta com apenas seis especialistas, com carga horária disponível de apenas 160 horas semanais. Os pediatras são somente 13, com carga horária semanal de 360 horas. Há plantões em que não há especialistas das áreas, embora os partos continuem a ser realizados.

Essa situação aumenta o risco para a saúde do recém-nascido. Foi relatado que, na semana anterior à vistoria do Sindicato, o anestesiologista que atuava em um parto, por falta de neonatologista, conseguiu salvar um recém-nascido com complicações, o qual foi transferido às pressas para o Hospital Regional de Santa Maria. O conjunto de fatores observado no Hospital Regional do Gama indica prejuízo na produtividade daquela unidade de saúde e na assistência à população da região: entre 2019 e este ano, o número de nascidos vivos no HRG passou de 83,75, por mês, para 66,2.