Faltam pediatras também no Hran

Pediatras do hospital denunciaram caos na Unidade de Pediatria ao SindMédico-DF.

O déficit de pediatras na rede pública do Distrito Federal atinge também o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Hoje, apenas 12 médicos atendem as crianças em atendimentos de emergência, ambulatoriais e internação. O número é insuficiente para fechar a escalada com pelo menos dois pediatras por período – a escala mínima de três nem é cogitada.

A denúncia foi feita ao presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal SindMédico-DF), Gutemberg Fialho e demais participantes da reunião realizada para discutir a assistência pediátrica naquele hospital, nesta terça-feira (25), com representantes da Ordem dos Advogados (OAB-DF), o diretor do HRAN, José Adorno, a Superintendente da Regional Centro-Norte, Ana Patrícia de Paula, representantes da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília e o assessor do presidente da CPI da Saúde da CLDF, deputado Wellington Luiz, Rômulo Nascimento.

Representantes do Ministério Público, o secretário de Saúde e subsecretários também foram convidados, mas não compareceram.

Segundo os médicos, além da dificuldade de fechar as escalas, o hospital sofre com o problema da falta de insumos, medicamentos e aparelhos para a realização de exames. “Já perdi as contas de quantas vezes tive que tirar do meu bolso para que meus pacientes fizessem exames necessários. Ontem, um paciente convulsionou e, se precisasse de ventilação mecânica, não teria”, contou uma pediatra durante a reunião.

A chefe da unidade de pediatria do HRAN, Elizabeth Paranhos, afirmou que está há 23 anos na Secretaria de Saúde do DF e nunca viu situação parecida. “Tivemos pelo menos quatro aposentadorias de 40 horas nos últimos dois anos e os profissionais não foram repostos. Comigo, somos 12 pediatras. O número é insuficiente. Nossa busca por ajuda aqui é porque estamos todos esgotados. O corpo clínico está adoecendo. E não vemos uma luz, uma esperança”, afirmou.

Na conversa, diversas hipóteses foram discutidas, como funcionamento do hospital como retaguarda para o Hospital Materno Infantil de Brasília, novas contratações para cobrir o déficit de profissionais e até o fechamento temporário do serviço pediátrico.

A superintendente da Regional Centro-Norte, Ana Patrícia de Paula, afirmou que “fechar a porta nesse modelo de ter só o HMIB como referência em atendimento pediátrico é quase que um suicídio”, mas não ofereceu nenhuma solução concreta. A lotação de novos profissionais, disse também, não acontece em 15 ou 30 dias. Por isso, concluiu, “uma nova reunião com os pediatras da unidade deve ser marcada nas próximas semanas para ver o que vai acontecer”.

O presidente do SindMédico-DF salientou que “hoje, do jeito que as coisas estão, mesmo se colocar mais pediatras não vai adiantar. Está faltando tudo”, disse. “Há um projeto para acabar com a saúde pública do DF. Temos que denunciar e reverter isso”, completou.

Uma nova reunião com os pediatras do HRAN será marcada nas próximas semanas. Os médicos serão avisados e os mesmos órgãos e entidades que participaram do debate desta quarta-feira deverão comparecer.