Há menos de uma semana, o presidente do SindMédico-DF e da Fenam, Gutemberg Fialho, publicou o artigo “SES-DF, a ilha da fantasia”, no jornal , denunciando a atual situação de caos nos hospitais e unidades públicas de Saúde do DF: falta de tudo.
Para a surpresa do médico, no entanto, a Secretaria de Saúde do DF respondeu ao artigo, obviamente negando todas as denúncias.
Diante disso e compromisso do médico com a verdade, o jornal cedeu espaço para .
Gutemberg Fialho salienta a todos que é, acima de tudo, defensor do Sistema Público de Saúde.
Segue, abaixo, o posicionamento do médico:
Ao redator do Brasília Capital,
Diante do posicionamento emitido pelo Sr. Barroso, assessor de comunicação da Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal, vejo como oportuno e necessário um novo posicionamento, dado que as colocações são a meu respeito e também relacionadas a situação do sistema de saúde.
É uma prática cada vez comum, principalmente da política retrógrada, descompromissada com o eleitor, denominar como Fake News tudo aquilo que considera negativo sobre sua atuação. Esse comportamento se tornou padrão entre aqueles que caminham em direção ao populismo em vez de caminhar para a solução de problemas. Em resumo, na falta de trabalho para mostrar, de resultados, usa-se o recurso da retórica, da acusação aos que apontam os erros.
Minha dúvida em relação ao posicionamento do assessor é se ele o fez motivado por alguém em uma esfera superior, se pronunciando pela Secretaria de Saúde ou, até mesmo, em nome do Governo do Distrito Federal ou é ato individual. Só assim podemos saber a gravidade da situação.
Em mais de 30 anos exercendo a medicina e mais de dez atuando no Sindicato dos Médicos do DF, tive a oportunidade de lidar com diversos governos, alguns mais organizados, outros menos, contudo, nunca me saltou tanto aos olhos o despreparo de quem está no comando como o de agora.
Esse despreparo fica evidenciado quando um gestor público, que deveria estar se preparando para uma possível segunda onda de uma pandemia, dado que a estrutura de combate aos casos foi equivocadamente e precipitadamente desmontada, utiliza seu tempo para criar narrativas a fim de esconder sua incompetência e, no caso de vidas perdidas, sua negligência.
É uma questão de eleger prioridades. A minha prioridade, talvez por ser médico de carreira, está na proteção à vida, não no embate ideológico com governo. Desde o primeiro dia da pandemia, faço alertas recorrentes sobre as condições de atendimento da população, torcendo para que, mesmo a contragosto, o governo abandone sua apatia e tome providências para proteger as pessoas.
Não quero me alongar e nem responder pontualmente as colocações feitas, mas sim chamar a atenção para o que interessa. Sugiro que o responsável pelo posicionamento se esforce mais no trabalho e menos na palavra. O governo serve para trabalhar pelas pessoas e deve agir de forma responsável, sem demagogia.
Atenciosamente,
Gutemberg Fialho, presidente do SindMédico-DF e da Fenam