Após denúncias de déficit de servidores – situação que prejudica o atendimento à população -, representantes do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) foram, de surpresa, visitar o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), na tarde desta terça-feira (4). No local, já na entrada, confirmaram os relatos: apenas um médico estava examinando pacientes na emergência por conta da insuficiência de médicos no hospital.
Apenas na emergência, a demanda mensal é de aproximadamente 1,2 mil atendimentos. Contrapondo-se a isso, são somente 21 médicos trabalhando no local. O ideal, no entanto, para que não haja furos na escala, são, no mínimo, 30. “Somos uma referência em saúde mental no DF. Aqui, é o final da linha. Ou seja, ou a gente resolve ou resolve. E, do jeito que está, fica difícil”, desabafou um médico.
Segundo relatos feitos ao presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg Fialho, e ao vice, Carlos Fernando, hoje apenas dois médicos avaliam pacientes no pronto-socorro por escala. Contudo, pela quantidade de atendimentos, deveriam ser quatro. Por conta disso, a quantidade de leitos foi reduzida. Dos 41, 15 leitos estão bloqueados na unidade. O resultado é uma situação degradante: cinco pacientes da ala masculina, que já esgotou a capacidade de leitos, têm de dormir em colchões improvisados no chão.
Os motivos pelos furos na escala do hospital são os de sempre: servidores se aposentando, outros pedindo retratação da carga horária (justamente pela falta de condições de trabalho) e, ainda, a ausência de concurso público para suprir a demanda. “Um cenário que, ano a ano, não muda. A solução está numa palavra chamada ‘interesse’. Interesse da gestão pública em resolver antigos problemas”, avalia o presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg Fialho.
Na emergência do hospital, contaram servidores, há grande risco de liberar pacientes que chegam à unidade. “Muitas vezes, a pessoa está com pensamentos suicidas. Não dá para simplesmente liberá-la”. Na outra ponta, o serviço ambulatorial também fica prejudicado pelo déficit de servidores. Dos mais de dez ambulatórios do HSVP, poucos funcionam regularmente. Há dias em que apenas um pode ser oferecido. “É um completo absurdo o que estamos ouvindo aqui. Porque o HSVP é referência em saúde mental no DF”, diz o vice—presidente do SindMédico-DF, Carlos Fernando.
Além de médicos, vale ressaltar, faltam também enfermeiros e técnicos de enfermagem na escala: “motivo pelo qual, às vezes, alguns pacientes conseguem fugir da unidade”, explicam os servidores. Hoje, há apenas um enfermeiro por plantão para o hospital inteiro na escala. Além disso, são apenas cinco técnicos para dar conta de 50 pacientes. O ideal, contudo, seriam 12 por período.
Sindicato Itinerante
A visita do SindMédico-DF ao HSVP faz parte do projeto Sindicato Itinerante, criado há mais de dez anos para dar voz e ouvidos ao problemas relatados na ponta do atendimento. De acordo com as denúncias feitas por médicos e outros servidores, o sindicato busca soluções: envia relatórios e cobra respostas e ações dos órgãos de controle e fiscalização.