O que está acontecendo com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF)? Anunciado, ainda no governo de Rodrigo Rollemberg, como a grande solução para os problemas da Saúde no Distrito Federal, a organização, que está sob investigação, atrasou salários e o pagamento de férias dos funcionários. Além disso, há fortes indícios de fraudes em compras sem licitação. Não bastando, há denúncias até de falta de papel higiênico no Hospital de Base, com os colaboradores fazendo vaquinha para comprar o item.
Além do Base, o Iges-DF controla todos os pagamentos dos fornecedores do Hospital Regional de Santa Maria e UPA’s. Em agosto deste ano, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) chegou a acionar a Justiça para obter informações bancárias da organização. Segundo o órgão, a Secretaria de Saúde repassa aproximadamente R$ 1 bilhão por ano ao instituto. Agora, após a deflagração da Operação Falso Negativo, os promotores também querem acesso a outras informações, como documentos que detalham os procedimentos administrativos internos.
Iges-DF: pizza para todos
Na imprensa local, nesta terça-feira (13), além de todas as denúncias relacionadas à gestão do Iges-DF, há ainda a notícia de que o cartão de crédito corporativo do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) pagou R$ 600 por um pedido em uma pizzaria do Distrito Federal. Na mesma fatura, há também o pagamento de bolos, salgadinhos e refrigerantes. Segundo a organização, a compra, de 16 de maio, foi realizada para uma homenagem: 70 colaboradores que trabalharam na montagem de 42 leitos exclusivos para pacientes com a Covid-19. O valor do boleto do cartão corporativo naquele período chegou a R$ 6.013,22.
“Antes mesmo da criação do Iges-DF, quando ele ainda era uma proposta a ser enviada aprovada pela CLDF, já alertávamos sobre os problemas relacionados a este modelo de gestão. Isso começou em 2017. E, mesmo antes disso, o SindMédico-DF já se posicionava contra qualquer tipo de ‘modelo’ dentro do SUS que não fosse o próprio SUS. Agora, o resultado é este que estamos vendo aos poucos. Atraso de salários, falta de insumos e outros problemas que, sem fiscalização e administração corretas, vão piorar a situação”, afirma o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Gutemberg Fialho.
Iges-DF: medicamentos e procedimentos suspensos
Outras denúncias realizadas por pacientes oncológicos à imprensa local revelam ainda que há fila de espera no Iges-DF para iniciar o tratamento dessas pessoas. No início deste mês, vale lembrar, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) solicitou esclarecimento à administração do instituto sobre os motivos que levaram à queda no atendimento de pacientes com câncer. E o problema não para por aí: mesmo aqueles que conseguem tratamento, enfrentam a falta do medicamento para quimioterapia no Iges-DF.
Além dos pacientes oncológicos, o Instituto Hospital de Base também tem deixado a desejar para aqueles com problemas renais crônicos. Há fila de espera no Hospital de Base para pacientes internados que aguardam a intervenção emergencial para a retirada de cálculo urinário. A gestão da unidade afirma que vem se esforçando para resolver esses e outros problemas. Enquanto isso, no entanto, o que mais preocupa são as vidas que não podem esperar.