Infectologista recomenda testagem desde os primeiros sintomas de gripe

O aumento de casos suspeitos de covid-19 e influenza estão levando multidões às unidades de saúde e laboratórios de todo o país. Existe uma disputa acirrada para a testagem. Mesmo com os riscos de contaminação nos locais de testagem, apinhados de pacientes, especialistas indicam que a busca do diagnóstico é a única forma de ter garantias para identificar e combater a doença. 

Devido à variante ômicron, mais transmissível que as cepas anteriores, aumentou a procura por testes para covid-19 que identificam a presença do coronavírus no organismo. Com a testagem em alta, além da busca por locais seguros para a realização do exame, ainda há muita confusão sobre como e quando fazer cada tipo de teste. 

“As principais indicações no momento são para suspeita da infecção. Covid e influenza possuem sintomas parecidos, por isso, a testagem é importante para confirmar o tipo de vírus naquela infecção”, resume o infectologista Julival Ribeiro.

Ribeiro, graduado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e doutorado em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília, diz que o momento ainda é de intensificação das medidas já conhecidas de prevenção ao coronavírus e controle da pandemia, como uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social. Ribeiro é médico infectologista do Hospital de Base do Distrito Federal e chefia a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar daquela unidade de saúde.

Testagem é recomendada pela OMS

A descoberta da ômicron e outras variantes deixaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os governos de todos os países em alerta. A OMS voltou a afirmar que todos os casos suspeitos de coronavírus devem ser imediatamente isolados e testados. Ainda nesse contexto, estudos da Universidade de Washington (EUA), divulgados na última semana, indicam que o Brasil pode atingir o pico de 1,3 milhão de infectados por dia pela covid-19 em meados de fevereiro. 

“Ou o mundo rico vacina o mundo pobre, ou a humanidade irá pagar um preço muito alto, caso surja uma variante com todas as características da Variante de Preocupação (VOC) ômicron, e mais efeitos biológicos. Sabemos que essa probabilidade existe”, explica Julival Ribeiro. 

As projeções incluem não só casos positivos confirmados, mas também estimativas de quem se infectou e nem chegou a testar. De acordo com os pesquisadores americanos, o Brasil já deve ter hoje mais de 430 mil pessoas infectadas todos os dias. Só esse número já é superior aos 370 mil registrados no pico anterior em março do ano passado. Se as projeções se confirmarem, teremos quase quatro vezes mais casos do que o país conhecia como o ápice da pandemia.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o teste rápido de antígeno (que detecta proteínas do na fase de atividade da infecção) para o paciente que indicar estar com até sete dias apresentando sintomas. Com isso, a testagem avança no país. “O teste de antígeno é bom, sobretudo, para diagnosticar pessoas que estão com sintomas de covid. No entanto, o ideal é realizar o chamado teste ‘padrão-ouro’”, explica o infectologista. 

O teste “padrão-ouro” é o RT-PCR (do inglês reverse-transcriptase polymerase chain reaction), que é oferecido pelo SUS para quem está entre o sétimo e décimo dia de sintoma. No diagnóstico da covid-19 feita pelo teste, a confirmação da infecção é obtida através da detecção do RNA do Sars-Cov-2 na amostra analisada. Como a coleta é obtida de raspado de nasofaringe, o RT-PCR também é chamado de “teste do cotonete”. 

Filas no atendimento

Nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a variante ômicron já é prevalente no Brasil. O ministro também afirmou que a expectativa do governo é de que o número de hospitalizações e mortes ocasionados pelo coronavírus permaneça baixo em função da quantidade de pessoas vacinadas no país.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Dr. Gutemberg Fialho, aponta que, desde o início da pandemia, o sindicato tem apontado a necessidade de uma política de testagem consistente, com diagnóstico e isolamento, que nunca foi adotada pelo governo local. “Hoje vemos as unidades básicas de saúde e pontos especiais de testagem lotados, muita demora e dificuldade para realizar o teste – reflexo do erro que apontamos desde o ano passado. Ainda assim, todos os que apresentarem sintomas de síndrome gripal, devem insistir e realizar o exame”, reforça Dr. Gutemberg.

O presidente do SindMédico-DF enfatiza também a necessidade de manter as medidas sanitárias para evitar a aceleração do contágio tanto pela covid-19 quanto pela H3N2. “É importantíssimo persistir no uso de máscaras, no mínimo a de três camadas, manter as mãos higienizadas, manter distanciamento social e evitar aglomerações”, destaca.