Médica falará na próxima terça-feira (21), às 20h, no I Seminário SindMédico
A médica sanitarista e docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ligia Bahia, é a palestrante da próxima semana, terça-feira (21/05), do I Seminário SindMédico: perspectivas para a atividade médica no Brasil. Em sua apresentação, ela abordará o polêmico tema “A atividade médica no cenário da indústria da saúde no Brasil”: assunto que, nos últimos anos, vem rendendo, tanto na saúde pública quanto na suplementar, muita polêmica. Por isso, na avaliação da especialista em Saúde Pública, é importante que os médicos estejam presentes no evento, pois “ele afeta diretamente o acesso, a qualidade da atenção aos pacientes e a inserção no mercado de trabalho dos profissionais de saúde”.
Ligia Bahia tem experiência na área de saúde coletiva, com ênfase em políticas de saúde e planejamento. A médica possui ainda especial interesse pelos seguintes temas: sistemas de proteção social e saúde, relações entre o público e o privado no SUS, mercado de planos e seguros de saúde, financiamento público e privado e regulamentação dos planos de saúde.
Defensora convicta do SUS, a médica avalia que “todos, de alguma maneira, recorrem ao SUS. O SUS continua sendo a solução”. E, em tempos de questionamentos sobre a efetividade do sistema, que virou uma realidade na Constituição de 1988 e completou 30 anos em 2018, ela alerta: “o problema não é o SUS e, sim, um padrão de privatização perverso, dependente de recursos públicos”.
Sobre o setor particular de Saúde, a médica avalia que “é muito complexo e diversificado”. E, por isso, aponta, “uma parte do setor privado é benéfica à melhoria da saúde e outra nociva. É importante separar o joio do trigo”. É sobre esse e outros assuntos que Ligia Bahia irá tratar em sua palestra. Confira, abaixo, uma prévia dos temas a serem abordados no 3º encontro do I Seminário SindMédico, marcado para a próxima terça-feira (21), a partir das 20h.
O que a Sra. chama de “indústria da Saúde no Brasil”?
Empresas e grupos econômicos antes eram restritos aos medicamentos e equipamentos. Unidades assistenciais como ambulatórios e hospitais costumavam pertencer a governos ou a profissionais de saúde. Mas ao longo do tempo perderam suas características puramente médicas e passaram a integrar conglomerados financeiros.
Por que esse tema é atual?
É atual porque afeta diretamente o acesso, a qualidade da atenção aos pacientes e a inserção no mercado de trabalho dos profissionais de saúde. O fenômeno da pejotização e precarização dos vínculos empregatícios é decorrência da financeirização.
A Sra. acredita que é possível, hoje, que os brasileiros vivam sem o SUS?
O SUS veio e ficou no Brasil. Todos, de alguma maneira, recorrem ao SUS. O SUS continua sendo a solução. O problema não é o SUS e, sim, um padrão de privatização perverso, dependente de recursos públicos.
Qual a sua análise sobre a rede privada de Saúde?
Temos diversos padrões privados e filantrópicos. Considero que o setor privado hoje é muito complexo e diversificado. Uma parte do setor privado é benéfica à melhoria da saúde e outra nociva. É importante separar o joio do trigo para direcionar ações de entidades médicas favoráveis à saúde.