Médicos exaustos e em número insuficiente no HRSM

Médicos exaustos

O Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) tem profissionais de saúde em número inferior ao necessário e muitos médicos exaustos. Essa constatação foi feita em inspeção conjunta da Promotoria de Justiça Crimina de defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) e Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) na tarde de 24 de maio.

O objetivo da visita à unidade de saúde foi verificar a estrutura e os serviços prestados com foco na prevenção de ocorrências adversas em trabalhos de parto. Nas conversas com a equipe de direção do HRSM foram apresentadas informações sobre fluxos de trabalho, instalações, equipamentos e medidas adotadas para humanização do atendimento.

São realizados aproximadamente 400 partos mensais. A unidade de saúde tem 55 leitos de internação e 20 de cuidados intensivos, 12 leitos para parto normal e três salas cirúrgicas. Cirurgias obstétricas eletivas são realizadas no centro cirúrgico.

Em relação a equipamentos e insumos, foi verificada falta de papel para realização de exames de cardiotocografia e necessidade de mais um aparelho de ultrassom obstétrico.

Sobrecarga de trabalho, férias negadas e médicos exaustos

“A questão da sobrecarga de trabalho só veio à tona quando abordamos os médicos que estavam em serviço”, aponta o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho. Os profissionais se queixaram de exaustão e da não concessão de férias desde o início do enfrentamento à pandemia da covid-19.

Boa parte dos médicos que atuam no HRSM têm um vínculo de emprego com a Secretária de Estado de Saúde (SES-DF) e outro com o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGES-DF). Só isso é que ainda permite que os serviços não sejam ainda mais prejudicados.

As recorrentes ameaças de devolução de médicos e demais profissionais de saúde estatutários pelo Instituto à Secretaria já motivaram redução do quadro de profissionais. “Se efetivada essa devolução, a tendência é de rescisão dos vínculos de trabalho com o IGES”, aponta o presidente do SindMédico-DF.

“Existe um déficit de recursos humanos. O hospital tem funcionado com metade das horas de trabalho necessárias, o que compromete o atendimento oferecido às pacientes”, afirmou o assessor médico da Pró-Vida Márcio Souza. Foi verificado que o hospital funciona com metade das horas de trabalho necessárias.

Colaboração entre entidades médicas e Ministério Público

“A participação das entidades médicas nessas vistorias do Ministério Público é fundamental, para garantir que sejam ouvidos também os médicos e demais profissionais de saúde que podem apontar aspectos da realidade que não serão abordados pelos gestores”, afirma Gutemberg Fialho.

A iniciativa da inspeção foi da Pró-Vida, em função de reclamações feitas por usuários do hospital. Segundo Márcio Souza, será elaborado relatório com sugestões para melhoria do serviço, como os que foram feitos em relação aos hospitais regionais de Samambaia, Gama e Paranoá.