No 10º dia de greve, médicos vão ao Legislativo

Nodécimo dia de greve, médicos vão ao Legislativo

Brasília, 12 de setembro – No décimo dia da greve, médicos do serviço público de saúde do Distrito Federal ocuparam assentos no plenário e na galeria da Câmara Legislativa do DF (CLDF). Lá, eles fizeram discursos em defesa do SUS no Distrito Federal e expuseram as condições de trabalho adversas em que se esforçam para dar assistência aos pacientes. Os médicos buscam apoio no Legislativo do DF e no Congresso Nacional.

Isso ocorreu na comissão geral proposta pelo deputado distrital Gabriel Magno, a qual abordou o déficit de profissionais na rede pública de saúde do Distrito Federal. Além dos médicos, representantes das demais categorias e concursados não nomeados para os cargos de agente de vigilância ambiental e agente comunitário de saúde participaram do evento.

Gabriel Magno destacou que quase metade dos cargos da saúde estão vagos e apontou que é um problema existente há anos e sem solução. O vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Carlos Fernando, representou a entidade e apontou o descaso com a Saúde. “Os médicos querem atender, cuidar e salvar, não queríamos a greve. Tenho 37 anos como médico nesta cidade e nunca fui tão desrespeitado em um governo como agora. Vamos fazer viaduto, alargar rua, pintar calçada, mas, além disso, vamos salvar vidas”, discursou.

Nas galerias, com faixas e cartazes, os médicos e demais profissionais de saúde´entoaram palavras de ordem, aplaudiram e reagiram com vaias, demonstrando o vigor do movimento reivindicatório por melhores condições de trabalho, melhor remuneração e por melhorias na situação de oferta de assistência à população. No canal de YouTube da CLDF centenas de expectadores também se manifestaram.

A falta de investimento adequado na saúde do DF na última década, a deterioração da saúde dos médicos e demais profissionais pela sobrecarga de trabalho, o sofrimento dos pacientes obrigados a peregrinar em busca de atendimento  pelas unidades de saúde deficitárias, entre outros relatos, deram a tônica dos discursos dos representantes das categorias e dos profissionais que se manifestaram.

O subsecretário de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), João Eudes, afirmou reconhecer que a greve é um direito do servidor. Ele também discorreu sobre as nomeações feitas este ano e afirmou que a SES trabalha para haver nomeações, reestruturações de carreira e novos concursos.

As falas dos demais integrantes da mesa, no entanto, colocaram em cheque essa afirmações: o investimento de recursos próprios do GDF na saúde é o mesmo há 10 anos, o número de médicos de hoje é menor do que era em 2014 e, no caso dos médicos, as condições salariais e de trabalho oferecidas aos concursados não atraem novos profissionais e alavancam a evasão do serviço público.

Vários encaminhamentos foram dados pela comissão geral. Entre eles, os deputados que apóiam os servidores da saúde se comprometeram a atuar junto ao Colégio de Líderes da CLDF para obstruir a pauta de votações até que o governo sente à mesa de negociação com as categorias da saúde e cobrar a instalação das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) – a CPI do IGES (Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF) é a quarta da fila.

Gabriel Magno afirmou que enviará representação ao Tribunal de Contas do DF contra os contratos terceirizados de anestesiologia firmados pela SES-DF. Na corte de contas já existe um processo em andamento, originário de denúncia formulada pelo SindMédico-DF.

SindMédico-DF conquista apoio no Legislativo Federal

Enquanto o vice-presidente do Sindicato e os grevistas participavam da comissão geral da CLDF, o presidente, Dr. Gutemberg Fialho, esteve no Congresso Nacional. Lá ele se reuniu com a senadora Damares Alves. “A senadora se comprometeu a intermediar o diálogo dos médicos com o GDF”, informa Dr. Gutemberg.

Depois do encontro no Senado Federal, o presidente do SindMédico-DF também esteve com a deputada federal Bia Kicis, que também empenhou apoio aos médicos no esforço para que o Governo do Distrito Federal apresente uma proposta à categoria para recomposição salarial e melhoria das condições de trabalho e assistência à população.

Assista à comissão geral da CLDF do dia 12/09