Nota à Imprensa: Repúdio à falta de diálogo do GDF

Repúdio ao GDF


A recente declaração da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, à Band News, de que não haverá recomposição salarial para os médicos da rede pública de saúde do DF, levanta sérias preocupações no SindMédico-DF. O anúncio foi feito sem um diálogo prévio com a categoria. O que reflete, claramente, a falta de respeito da atual gestão da capital do País com os profissionais de saúde e com a população, que depende desses serviços.
Hoje, o Distrito Federal enfrenta uma grave crise na saúde pública, evidenciada por dados alarmantes. Atualmente, há 962.494 solicitações pendentes para cirurgias, exames e consultas no Sistema de Regulação (SISREG), o que representa aproximadamente 30% da população do DF. Esse número não indica apenas uma demanda imensa. Ele revela, sobretudo, um sistema de saúde sobrecarregado e em colapso. Portanto, o não encaminhamento deste ou daquele paciente, durante o período de greve dos médicos, não é culpa dos profissionais. Ele decorre da inércia do GDF em resolver a crise na saúde.
Além disso, a cobertura da atenção primária à saúde no DF é a mais baixa do país, com apenas 59% da população sendo atendida. O relatório do Tribunal de Contas do DF destaca que 22 das 33 regiões administrativas estão subequipadas (faltam equipamentos, recursos e pessoal), comprometendo gravemente o atendimento. O tempo de espera para exames é de aproximadamente quatro meses. E muitos pacientes enfrentam grandes dificuldades para serem atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Outra afirmação da vice-governadora que demonstra o total desrespeito com os médicos é a infeliz comparação com estados como Rio de Janeiro e Goiás: onde, segundo ela, os médicos recebem salários menores, mas continuam trabalhando. A analogia é inadequada e ignora a realidade dos profissionais de saúde. A recente concessão de aumento de salários para cargos políticos do DF, incluindo o da própria vice-governadora, contrasta com a estagnação salarial enfrentada pelos médicos do SUS-DF desde 2015. Para quem não recorda, no ano passado, houve reajuste aos subsídios do governador, vice-governadora, secretário de Estado e administradores regionais. Nossa vice, por exemplo, saiu da casa dos R$ 20.743,83 para R$ 25.929,79.
A negativa a qualquer recomposição salarial para os médicos, sem contraproposta, anunciada em uma entrevista, mostra a verdadeira situação em que nos encontramos: carregando a saúde pública nas costas totalmente sozinhos. Enquanto o sistema de saúde enfrenta uma crise crítica, o comportamento da vice-governadora evidencia a falta de comprometimento com a resolução dos problemas reais. A população do DF merece mais do que justificativas. Ela precisa de ações concretas e eficazes que garantam um atendimento digno e a valorização justa dos profissionais que dedicam suas vidas ao serviço público.

SINDICATO DOS MÉDICOS DO DISTRITO FEDERAL (SINDMÉDICO-DF)