Com o anúncio da chegada da vacina, contra a Covid-19, ao Brasil muitas pessoas ficaram aliviadas, porém essa tão aguardada vacina pode sofrer um atraso devido à falta de insumos, ferramentas e infraestrutura adequada para o manuseio e estocagem do imunizante. Por aqui os fabricantes de refrigeradores e seringas, por exemplo, estão preocupados, pois até o momento o governo não se manifestou a respeito da produção desses materiais para atender a demanda de vacinação.
“O Brasil tem um dos melhores serviços de imunização do mundo e o DF ao longo dos anos construiu um excelente programa de vacinação. Porém, o grande problema é a logística, pois cada fabricante possui suas peculiaridades. Por exemplo, as vacinas que possuem RNA em sua composição, como as da Pfizer, devem ser armazenadas a -70ºC, pois se a temperatura da vacina sofrer alguma alteração isso impactará na efetividade da mesma que resultará em um catabolismo das proteínas e a perda do efeito da vacina”, explica o especialista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dr. Julival Ribeiro.
Em relatório divulgado pela Secretária de Saúde do DF a pasta faz um alerta sobre a falta de estrutura para armazenar vacinas da Covid-19. O documento mostra que a capacidade do Núcleo de Rede de Frio, responsável pelo estoque seguro dos imunobiológicos, está comprometida. De acordo com os dados o número do estoque de vacinas no DF dobrou desde de 2001 enquanto que não houve crescimento proporcional nas instalações que compõem a cadeia de frio.
“Informamos que durante os dezenove anos de funcionamento, a estrutura original do Núcleo de Rede de Frio foi acrescida apenas de mais nove (9) câmaras frias verticais, aumentando em 13,36 m³ a sua capacidade de armazenamento, sendo insuficiente para atender a variedade e a quantidade de imunobiológicos que aumentou consideravelmente nesse período, de um total de 27 imunobiológicos em 2001 para 47 novos tipos de produtos em 2020, com diferentes indicações de aplicação”, revela o texto.
O documento ainda afirma que: “Com a possibilidade de realização de vacinação em massa contra a Covid-19, há a necessidade urgente de ampliação da capacidade de armazenamento que pode ser realizada pelas seguintes formas: reforma e ampliação do espaço existente, aluguel provisório de um espaço ou de um equipamento compatível (contêiner refrigerado) que atenda às legislações vigentes ou a aquisição de equipamentos de refrigeração”.
Com a autorização da vacinação os espaços abertos serão ideais para efetuar a imunização da população, evitando assim as aglomerações. Contudo as Unidades Básicas de Saúde (UBS) que possuem serviço de vacinação trocaram suas geladeiras domésticas por câmaras de vacina de 400 litros o que compromete ainda mais a estocagem, pois somente 187 foram entregues.
“Com isso, a capacidade de armazenamento deles foi suprida. Porém, com a substituição das geladeiras domésticas, muitas UBS ficaram sem equipamentos para congelar as bobinas de gelo recicláveis, item essencial para realização da vacinação diária, bem como das campanhas. Portanto, é necessário que o processo referente à aquisição de freezers para as UBS seja priorizado”, concluiu o relatório.
Questionado se o DF esta pronto para o calendário de imunização contra a Covid-19, o secretário de saúde afirmou que o “Distrito Federal está pronto para a vacinação da Covid-19”. Contudo, não é o que parece. O Sindicato dos Médicos do DF continuará acompanhando de perto os próximos passos e cobrando dos responsáveis medidas efetivas.