Na noite desta quinta-feira, 14, o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) reuniu médicos do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), gestores do serviço e da Secretaria de Estado de Saúde, representantes do Conselho Regional de Medicina e da OAB-DF para discutir o déficit de médicos, condições de trabalho adversas e adoecimento dos profissionais que atuam no serviço. Criado há 18 anos, o SAMU-DF pede socorro.
Com um défict de 56 médicos, o SAMU tem dificuldades para fechar as escalas tanto do serviço de regulação de urgências e emergência (o atendimento telefônico pelo 192) quanto para colocar todas as unidades de socorro na rua. Ambulâncias ficam paradas por falta de equipes. Com isso, o SAMU vai fechar o ano tendo deixado de atender mais de 46 mil pedidos de socorro que necessitavam de intervenção de equipes de saúde.
A falta de médicos é um dos principais fatores que contribui para que deixem de ser atendidos esses pedicos que representam 15 % dos pedidos nos quais o socorro do SAMU é necessário.
Em 2022, o número de ocorrências onde a intervenção do SAMU era necessária, mas não foi realizada por falta de meios chegou a 43.284 chamadas em um total de 281.332 ligações recebidas pela central de atendimentos. Em 2019, esse percentual era bem menor: 25.791 ocorrências sem atendimento de um total de 279.824 pedidos de socorro. Já em novembro de 2023, o número de intervenções necessárias não realizadas chegou a 46.043 casos.
O número de chamadas ao SAMU aumentou de 279.824, em 2019, para 281.332, em 2022. O número de intervenções necessárias realizadas, no entanto, caiu de 78.931 para 72.984.
“Em vez de prestar o socorro pré-hospitalar ao cidadão acidentado, teve um AVC em casa ou na rua, o SAMU está sendo desviado para fazer o transporte de pacientes entre as unidades de saúde da rede pública do DF. Isso é um desvirtuamento da função do serviço”, afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos, Dr. Gutemberg Fialho.
O diretor do SAMU, Victor Arimatéria, destacou que há uma grande pressão para o atendimento aos pacientes já sob os cuidados das unidades de saúde. “O paciente pré-hospitalar não tem nome, não tem rosto e acaba sendo prejudicado porque a Justiça, a imprensa e a opinião pública não vão cobrar o socorro em favor desse paciente quem ninguém sabe que existe”, apontou.
Respondendo a questionamento da plateia sobre a falta de contrato para o serviço de transporte sanitário (ambulâncias) na Secretaria de Saúde, o secretário-adjunto de Saúde Luciano Agrisi informou que há impedimento legal para que a SES faça essa contratação.
Também foi informado que a expectativa de que parte dos 56 médicos especialistas em clínica médica nomeados pela SES-DF em novembro fossem alocados no SAMU não vai se concretizar. Desse total de médicos, apenas uma tomou posse e 21 pediram final de fila e, pelo menos por enquanto, não vão assumir postos de trabalho vagos no serviço público de saúde do DF. A questão do SAMU será um dos assuntos de reunião do presidente do SindMédico-DF com a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, na próxima semana. O relatório da reunião será enviado pelo sindicato ao Ministério Público e ao Ministério Público de Contas na busca de que seja estabelecido um plano de ação para solucionar o problema do SAMU.