De 11 mamógrafos existentes na rede púbica de saúde do DF, apenas um, o do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), funciona. E funciona precariamente. De 130 mil exames que deviam ser feitos anualmente, o DF não pro-duz um décimo. A fila de espera por mamografias na unidade de saúde é de 9 mil pacientes.
A unidade de oncologia clínica e radioterapia do HBDF está sucateada. desde a clínica, onde é feita a primeira avaliação, passando pela mamografia, cuja fila de espera é de mais de 9 mil pacientes, até a radioterapia, que só conta com um aparelho, sem contrato de manutenção desde 2014. “É um verdadeiro genocídio. Estamos no limite da honra”, desabafou uma servidora à equipe do Dia Nacional de Vistorias nos Centros e Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, na terça-feira, 19.
A ação foi uma iniciativa da Defensoria Pública da União (DPU) por ocasião do movimento “Outubro Rosa” e coordenada pelo defensor público Eduardo Nunes de Queiroz. O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, participou da ação e viu de perto o cenário; o mais preocupante dos últimos anos na saúde pública do DF. A começar pelas 17 caixas de equipamentos da Medicina Nuclear, compradas em 2013 e até hoje deixadas no corredor do hospital.
“Temos pacientes oncológicos, que precisam de tratamento precoce e não conseguem fazer. Hoje, não se trata câncer de mama no DF. O tratamento, quando se consegue fazer, é paliativo e não curativo”, apontou Gutemberg. E com um problema: ele é obsoleto, precisa ser trocado. Por isso, a maioria das pacientes desiste do diagnóstico de imagem.
Além disso, das 9 mil pacientes que aguardam a mamografia no DF, 1,9 mil são consideradas casos graves. Anualmente, deveriam ser realizados 130 mil exames. No entanto, no ano passado, foram realizados diagnósticos de apenas 7 mil pacientes. “O que nós vimos aqui hoje são pacientes sofrendo, servi-dores comprometidos sofrendo e pedindo socorro à Defensoria Pública, ao Sindicato dos Médicos e às entidades que participaram da ação”, disse ainda o presidente do SindMédico-DF.
Mais equipamentos sem manutenção
Em maio, a fila de espera para realização do exame era de mais de 11 mil pacientes. E os problemas não param por aí. O Raio-X de tórax do HBDF não funciona por falta de filme. A área de Medicina Nuclear do hospital está fecha-da desde 2014, sem licença de operação. O pet scan, aparelho de precisão para detecção de tumores, está parado, sem manutenção.
O cenário de caos não é diferente na área de radioterapia do hospital. Por lá, mais de 1,2 mil pacientes aguardam pela realização do procedimento. No entanto, como o aparelho da unidade não tem contrato de manutenção, não é possível trabalhar com toda sua capacidade, já que há risco de parar a qual-quer momento. O pior: o atual governo não renovou as parcerias com hospitais privados que realizavam a radioterapia. Pacientes aguardam até dois anos para ter atendimento e alguns morrem sem contar aqueles que morreram nesse tempo, sem chance de cura.
Assista também a reportagem veiculada no Bom Dia Brasil sobre a vistoria realizada no Hospital de Base do Distrito Federal.