Pacientes e profissionais de saúde vivem drama no Paranoá

O vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Dr. Carlos Fernando, esteve na emergência do Hospital da Região Leste, no Paranoá na tarde desta quinta-feira, 30. Foi verificar as condições de trabalho dos médicos e encontrou uma recepção cheia de pacientes que aguardavam. Na pediatria o tempo médio de espera era de 8 horas e 40 minutos.

 O pronto-socorro pediátrico estava lotado, com crianças em observação no colo das mães sentadas em cadeiras e colocadas em trocadores para serem examinadas – faltam leitos. Havia 13 pacientes com classificação amarela e 10 laranjas precisando de atendimento no início da tarde, com expectativa de chegada de mais pacientes até a noite. “Estão internando bebês nos trocadores – aqueles para mudar fralda, por falta de leito. A alternativa é as crianças ficarem no colo da mãe, sentada em uma cadeira por horas e horas”, conta Carlos Fernando.

Faltam antibióticos simples no Paranoá

Além da limitação dos leitos e número reduzido de pediatras, os pacientes sofrem com a falta de diversos medicamentos. Em função da insuficiência de profissionais, alguns trabalham fora do horário, sem receber hora extra, para não deixar crianças sem atendimento.

Entre os medicamentos que faltavam na central de medicamentos do hospital figuravam diversos antibióticos básicos. Entre os medicamentos que constavam como esgotados figuravam Anti-Sulbactam, Gentamicina, Aciclovir, Ampicilina, penicilina benzatina (Benzetacil), Micafungina e Bactrim.

Um único especialista da clínica médica tinha que se dividir no atendimento aos pacientes internados na enfermaria, que fica em um andar superior, e no atendimento de quem aguardava na recepção da emergência, no térreo.

Na ortopedia, o tempo de espera desde a internação até a realização de cirurgias tem sido de sete dias. Não são realizadas cirurgias em maior quantidade por falta de horário e anestesistas no centro cirúrgico.

Restrição no atendimento e profissionais de saúde acuados

Queixa generalizada entre os profissionais é a falta de orientação clara da direção do hospital quanto ao procedimento em caso de restrição no atendimento (bandeira amarela ou vermelha). Mesmo definido que a unidade está com capacidade para atendimento apenas dos casos mais graves, são feitas fichas para quem poderia buscar atendimento em outro local.

Sem a definição da direção, os pacientes de qualquer classificação exigem o atendimento e chegam a chamar a polícia acusando omissão de socorro. Isso foi motivo do pedido de demissão de uma médica, coagida por ordem policial a atender um paciente de classificação amarela em vez de atender os pacientes graves que necessitavam de atenção com maior urgência.

“A situação no Hospital do Paranoá é grave. É preciso suprir a farmácia com os medicamentos e insumos em falta e a contratação de profissionais é uma necessidade urgente”, afirma Dr. Carlos Fernando. O relatório da vistoria realizada no HRL será encaminhado ao Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), ao secretário de Saúde e ao Ministério Público para que cada um tome as medidas ao seu alcance para a solução dos problemas no hospital.