Consideradas as 20 horas semanais de trabalho do contrato base dos profissionais de saúde da rede pública de saúde do Distrito Federal, a emergência pediátrica do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) tem um déficit de, no mínimo, 62 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
“Por si só, essa falta de profissionais já é um grande problema quando consideramos que o HMIB é uma Unidade de Referência Distrital em pediatria”, aponta o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Dr. Carlos Fernando. Ele esteve na emergência pediátrica do hospital na manhã da quarta-feira, 11, para apurar denúncia de condições de trabalho inadequadas.
Entre as queixas relatadas estão ameaças e agressões por parte de familiares e acompanhantes de pacientes por demora no atendimento. Isso ocorre, em geral, no período noturno, depois do horário de fechamento das unidades básicas de saúde.
Com UPAs sem atendimento pediátrico e capacidade de atendimento pediátrico reduzida ou descontinuada nos demais hospitais da rede (como, por exemplo, no Hospital Regional do Gama, Hospital Regional do Guará e Hospital Regional da Asa Norte), além dos casos graves aos quais deveria prestar atendimento, a equipe do HMIB fica sobrecarregada com casos de menor complexidade que deveriam ser resolvidos em outras unidades de saúde.
Aliam-se ao problema sistêmico os fatos de que a classificação de risco não funciona 24 horas, faltam insumos como catéteres de alto fluxo (para ventilação mecânica) e os pontos de oxigênio na unidade são insuficientes para a demanda.
Leitos em consultórios da pediatria
Consultórios médicos têm sido usados como área de internação, quando a quantidade de pacientes supera a capacidade de internação hospitalar e há dificuldade na remoção de pacientes para outras unidades – em especial bebês de 12 a 28 semanas, para os quais não se consegue vagas em Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas.
Isso obriga os profissionais da emergência pediátrica do HMIB a fazer procedimentos como intubações e extubações em ambientes que não são próprios para isso, e compromete a capacidade de assistência. O que piora a demora no atendimento daqueles que aguardam na recepção da unidade e aumenta o descontentamento dos usuários. A expectativa na emergência não é boa. Os profissionais que atuam no HMIB esperam, como ocorreu em 2022, um período prolongado da sazonalidade de doenças infantis. “Se hoje os profissionais de saúde no serviço já são insuficientes, daqui a dois meses, a situação ficará insustentável. Por isso, o que o pessoal da HMIB quer é que a Secretaria de Saúde faça e execute em tempo hábil um plano emergencial para haver gente em todas as unidades pediátricas do DF para dar vazão ao fluxo de pacientes que vai aumentar, como ocorre todos os anos”, destaca Carlos Fernando.