Saúde do DF: a crônica de mortes anunciadas

A aproximação dos meses de março a julho traz não apenas a preocupação sazonal com as viroses respiratórias na infância, mas também um alerta vermelho para a saúde pública no Distrito Federal. Enquanto a epidemia de dengue já sobrecarrega os hospitais, com aumento, inclusive, no número de mortes pela doença, uma nova ameaça surge: a chamada “Tripledemia”.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu, em janeiro deste ano, atualização epidemiológica, destacando os níveis alarmantes de doenças respiratórias na Região das Américas em 2023. A Tripledemia, caracterizada pela coexistência do vírus influenza, vírus sincicial respiratório e o vírus da Covid-19, está sobrecarregando sistemas de saúde em todo o Hemisfério Norte, inclusive nos Estados Unidos e Canadá. Esta situação já está resultando em longas esperas por atendimento e tratamento, acentuando ainda mais a crise sanitária.

Enquanto isso, aqui no Distrito Federal, a inércia da Secretaria de Saúde (SES-DF) levanta sérias preocupações. A falta de um plano eficaz para conter as doenças respiratórias, assunto já tratado por mim em artigo anterior, somada à iminência da Tripledemia, coloca em risco a saúde da população, especialmente das crianças menores de 2 anos, mais vulneráveis a essas viroses. A possibilidade de coinfecções respiratórias, em uma rede hospitalar já sobrecarregada pela epidemia da dengue, pode levar a complicações graves e a um aumento significativo no número de hospitalizações e mortes evitáveis.

A falta de planejamento e preparação para enfrentar a Tripledemia, mesmo com os alertas da OMS, é mais uma demonstração de negligência daqueles que deveriam zelar pela saúde dos cidadãos. Diante desse cenário alarmante, repito, é urgente que a SES-DF adote medidas imediatas e eficazes para fortalecer o sistema de saúde, aumentar a capacidade de resposta a emergências e implementar estratégias de prevenção e controle das doenças respiratórias.

A falta de ação, sabemos, tem consequências devastadoras para a saúde pública no Distrito Federal. O tempo urge e a vida da população está em jogo. E neste tabuleiro, já percebemos, os que mais perdem são os mais vulneráveis.

Mais uma vez pergunto: cadê o plano (de verdade) para o enfrentamento às doenças respiratórias da infância? E mais: a população está sendo chamada à vacinação? Não apenas da dengue – que agora só está sendo aplicada em crianças de 10 a 11 anos -, mas também contra a Covid e a influenza? Já disse e repito: não faz gestão em saúde enxugando o gelo. O improviso do GDF nos custa muito caro.

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