Seminário de faz de conta

Com direito a grupos de trabalho, seminário para debater futuro do Hospital de Base virou palco para apoio a proposta do governo.

 

Um seminário cujo objetivo único era promover a ideia de privatizar o Hospital de Base. Assim foi o suposto debate na Câmara Legislativa, nesta sexta-feira (05), acerca do projeto n° 1.486/2017, que transforma o maior hospital público do Distrito Federal em instituto.
Entre os palestrantes convidados, claro, estava o próprio secretário de Saúde, Humberto Fonseca, o ex-ministro da Saúde, José Agenor e o assessor da escola Fiocruz de Governo, Armando Baggio. Os três, conforme matérias veiculadas na imprensa local, têm histórico de envolvimento em irregularidades.
“O seminário apenas deu palco para a proposta do governo”, avaliou o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, ao sair do evento. Durante o seminário, o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, voltou a falar que o SUS é um modelo falido. “Não tenho dúvida”, ressaltou.
Obviamente, foi o próprio secretário de Saúde quem falou sobre as supostas benfeitorias da privatização do Hospital de Base. Para convencer a plateia, inclusive, ele levou slides apontando a diferença entre órgão autônomo; autarquia federal; fundação estatal; empresa pública “social”; serviço social; organização social e privatização.
Antes, porém, da fala ensaiada de Humberto Fonseca, coincidentemente, o ex-ministro da Saúde, José Agenor, discursou sobre os desafios do SUS no DF. Também guiado, claro, pelo destino que o levou até o Seminário “por acaso”, ele destacou a importância de debater novos modelos de gestão, o financiamento da saúde e a necessidade de expansão da Atenção Primária.
Ao falar sobre o tema “A descentralização e seus desafios”, Armando Raggio, que em 2000 foi acusado de uso indevido de dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS), à frente da gestão da Saúde do estado do Paraná, defendeu que toda a descentralização ocorra “ao mesmo tempo” no sistema.
O presidente do Conselho de Saúde do DF, Helvécio Ferreira, substitui à mesa o coordenador da assessoria técnica do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Nilo Bretas.
Após as palestras, representantes de sindicatos, da sociedade civil e o promotor de Saúde do DF, Jairo Bisol, puderam participar da discussão. Cada um com cinco minutos para a fala. Nesse momento, o vice-presidente do SindMédico-DF, Carlos Fernando da Silva, destacou, entre outros pontos, que, desde o início de sua gestão à frente da SES-DF, Humberto Fonseca tem feito verdadeiras “presepadas”. E concluiu: “secretário, pede para sair”.
O ex-secretário de Saúde Jofran Frejat esteve no seminário, também se posicionou contrário à proposta de privatizar o HBDF e defendeu o SUS.

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