SindMédico faz vistoria no Hospital Regional de Ceilândia

O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) sofre com a falta de médicos. A pedido dos médicos pediatras, o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal compareceu à unidade para uma vistoria realizada na tarde da quarta-feira, 27 de outubro.

De acordo com relatos, nas escalas da pediatria, é possível colocar, com muito esforço, apenas dois médicos por plantão. Não raro, há apenas um profissional escalado ou até nenhum pediatra no plantão. Mas para que o atendimento ocorra de forma satisfatória a atender as demandas da população, seriam necessários cinco pediatras pela manhã, e quatro nos dois outros turnos – tarde e noite. Os médicos e seus pacientes só têm cadeiras para sentar durante os atendimentos por conta de uma doação recente da Caixa Econômica Federal e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Se não fosse isso, ambos ficariam de pé.

Outro absurdo que ocorre são os leitos da pediatria que estão sendo ocupados por pacientes ortopédicos. Outro fator agravante da falta de estrutura e condições mínimas de trabalho e atendimento à saúde. Uma vez que os leitos de uma especialidade está sendo ocupada por outra, os pacientes da ortopedia também não contam com médicos especialistas para assumirem os cuidados com esses doentes. Resumindo: a sobrecarga e as condições adversas de trabalho têm provocado o adoecimento dos pediatras do HRC.

Vistoria no HRC evidencia problemas na clínica médica

Também foi detectada situação grave na clínica médica. De 20 vagas a serem preenchidas em agosto por clínicos na última contratação, apenas 10 foram ocupadas e os contratados já ensaiam pedir demissão pela falta de condições de trabalho, ausência de material ortopédico e salários baixos. Com isso, dois médicos por turno se desdobram para atender as demandas da sala amarela, sala vermelha e da entrada geral. Isso gera demora nos atendimentos, queixas e agressividade dos usuários. “A situação é semelhante à que encontramos na última vistoria realizada no Hospital Regional do Gama, onde oito dos 13 médicos contratados se demitiram ou nem chegaram a assumir”, aponta o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho.

Pacientes que ficam internados na emergência passam dois ou três dias sem sequer serem visitados por médicos e sem a revisão de prescrições médicas. Isso pode gerar agravamento do quadro de saúde, infecções hospitalares, óbitos e atraso na alta dos pacientes, o que aumenta os custos administrativos e trava o uso de leitos. As salas amarela e vermelha lotam e pacientes são alojados em macas por falta de espaços nos leitos.

Na cirurgia geral e na ortopedia, os pacientes enviados para procedimentos no Hospital de Base do DF (HBDF), administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGES-DF), são devolvidos ao HRC, o que cria superlotação na internação. E a confusão continua nos atendimentos. O HRC não se tem acesso ao prontuário dos pacientes do Hospital de Base, que usa sistema informatizado incompatível com o TrackCare, sistema em uso nas unidades de saúde sob administração direta da Secretaria de Saúde do DF.

Pela falta de clínicos, ortopedistas acabam assumindo o atendimento que não são da sua especialidade, na urgência clínica de quem chega à porta do hospital. Os profissionais também não conseguem dar vazão aos procedimentos cirúrgicos de ortopedia por conta da sobrecarga de serviços que o desvio de função acarreta. Atrasos nos procedimentos cirúrgicos também ocorrem pela falta crônica de insumos, o que acaba prolongando as internações e provoca sequelas nos pacientes e óbitos evitáveis.

Falta de médicos afeta produtividade do HRC

Foi relatada por parte da classe médica a insuficiência de anestesiologistas no hospital, limitando a possibilidade de cirurgias eletivas. Os obstetras são poucos. Em geral, dois deles atendem clinicamente, onde deveria haver pelo menos quatro profissionais. Em conseqüência disso, a produtividade caiu e a quantidade média dos partos realizados no HRC passou de 600 para 400 por mês. Como em outras unidades de saúde, a prestadora de serviços de limpeza que atende ao HRC tem deixado faltar sabão, papel toalha e até papel higiênico. No dia seguinte à vistoria, foi comunicado por whatsapp a completa a falta de papel toalha e papel higiênico por parte dos servidores do hospital.